sábado, 1 de novembro de 2014

Um infinito de amor


"Eu sou tipo. Tipo. Sou tipo uma granada, mãe. Eu sou uma granada e, em algum momento, vou explodir, e gostaria de diminuir a quantidade de vítimas, tá? Eu sou uma granada. Só quero ficar longe das pessoas, ler livros, pensar e ficar com vocês dois, porque não há nada que eu possa fazer para não ferir vocês; vocês estão envolvidos demais, por isso me deixem fazer isso, tá? Não estou deprimida. Não preciso sair mais. E não posso ser uma adolescente normal porque sou uma granada."

Hazel Grace


Demorei para tocar no assunto porque é muito delicado e me comove profundamente. O trecho mencionado acima é um fragmento do livro e filme "A Culpa é das Estrelas", no qual os dois protagonistas lutam contra o câncer durante a adolescência. Fica claro nas falas da Hazel o quanto ela se sente impotente frente ao desconhecido e que seu medo de machucar os entes queridos é maior ainda. Não é difícil de encontramos pessoas na mesma situação, basta olhar para o lado.

Vou contar para vocês um pouco da minha experiência pessoal e profissional com o mundo da Oncologia. Para quem não conhece minha história, trabalhei por um bom tempo em um dos melhores hospitais da cidade de Ribeirão Preto e foi lá que aprendi as maiores lições da minha vida.

No meu caso, sempre gostei de ajudar o próximo. Passando pelo 24 horas (Emergência e Pronto Atendimento), vivenciei  momentos que não desejo ao meus maiores inimigos, vi sofrimentos inimagináveis e situações das mais diversas (cômicas e tristes).

Depois de algum tempo fui convidado para trabalhar no setor de quimioterapia e surgiu a dúvida: Será que consigo? Será que meu emocional ficaria abalado? Sempre fui muito fraternal, considero isso uma de minhas maiores qualidades. É errado se deixar levar pela emoção? Dependendo da situação, ser racional é muito mais vantajoso, o que não é meu caso.

No setor conheci pessoas maravilhosas e fiz amigos, que apesar da distância atual, ainda moram no meu coração e jamais serão esquecidos. No momento em que eu pisava lá, os meus problemas eram coadjuvantes e o protagonista era o amor pelo que fazia.

Naquela pequena sala, descobri que a vida passa num piscar de olhos, que não somos nada perto da imensidão chamada universo e que em fração de segundos já não estamos mais aqui com quem amamos. 

Presenciei milagres promovidos pela fé, perdas dolorosas e principalmente que é na hora mais difícil de nossas vidas que realmente sabemos quem está ao nosso lado. O maior presente que ganhei foi o carinho destas pessoas que até hoje me procuram, reconhecem e sentem saudade. Não daquela situação, mas da troca de conhecimento e experiências adquiridas.

Como sinto saudade do gostoso abraço da Dona Zélia e de seus deliciosos bolos, Dona Zenilda que me deixava doido, mas que eu adorava tanto. Que vitória foi ver o Max e o Alex vencerem a Leucemia, e que tristeza foi perder um amigo querido como o Senhor Tadeu, que além de um paciente, era pai de uma de minhas amigas. 

Sou muito grato a todos vocês por terem transformado minha vida com pequenas atitudes, hoje posso dizer que sou um ser humano muito melhor.

É o que a Hazel e o Augustus tentam passar em "A Culpa é das Estrelas", utilizam de metáforas para enfrentar aquilo que mais se teme, encarando a vida como verdadeiros heróis que são. 

Fica aqui minha homenagem para vocês, meus queridos amigos. E claro, aproveitem para assistir o filme mencionado anteriormente. 

Beijo no <3, Rods.



Um comentário:

  1. Rodrigo estamos muito emocionadas , vc é uma pessoa muito especial ,mora em nosso coração e estara sempre em nossas orações,amamos vc

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